O que há por detrás de um livro falado

A leitura é uma das principais ferramentas para a inclusão de pessoas com deficiência visual na sociedade. Atualmente, o livro falado – que é a versão em áudio, com voz humana, do livro em tinta – é um dos principais formatos acessíveis para que cegos e pessoas com baixa visão tenham acesso ao mundo dos livros.

Mas como se faz um livro falado? Como ele chega prontinho numa mídia, para ser ouvido por pessoas do Brasil todo? Cláudia Scheer, coordenadora da área que desenvolve produtos radiofônicos na Fundação Dorina Nowill para Cegos abriu as portas do estúdio e contou como são feitas essas produções, que são disponibilizadas gratuitamente na Biblioteca Circulante do Livro Falado da Fundação.

Descrição da imagem: foto dos estúdios da Fundação Dorina. Há uma bancada com mesa e caixas de som, telefone, computador e uma pilha de livros. Na parede há duas vidraças por onde é possível ver dois homens com fones de ouvido e microfone, lendo um livro.
Ledores profissionais gravam audiobooks nos estúdios da Fundação Dorina

Tudo começa assim

A primeira etapa do processo começa com a Biblioteca Circulante ou a Rede de Leitura Inclusiva que, por meio de uma curadoria, identificam os títulos mais relevantes e os mais procurados pelos clientes.

Com a lista de títulos em mãos, a equipe do Radiofônicos faz o registro do livro e analisa o conteúdo para fazer a divisão por vozes. “Os livros podem ser divididos pelo estilo de voz do narrador, que determina qual gênero combina melhor com sua voz. Ou de acordo com o personagem que narra a história, se feminino ou masculino”, explica Cláudia.

Escolhido o narrador – ou ledor, como é chamado na Fundação Dorina – é hora da gravação do conteúdo. Normalmente, o livro falado se adequa mais a gêneros literários, biográficos, histórico e infantis.  História em quadrinhos, didáticos ou livros feitos para consulta não são compatíveis com o formato.

Descrição da imagem: foto de um homem de perfil com um livro aberto à sua frente. Ele toca a página com um lápis, usa fones de ouvido e tem um microfone de estúdio posicionado à sua frente.

Feita a gravação, acontece o processo de “limpeza do áudio”, com edição das correções e dos espaços em branco. E também a divisão de faixas, que é a separação dos capítulos a cada 15 minutos, para que o áudio não fique extenso. Depois, é feita uma revisão final do projeto e, finalmente, o arquivo MP3 é gravado em CD e enviado para a biblioteca.

Parece simples, mas o tempo de produção de um livro falado é muito relativo. Depende de vários fatores, como o tamanho do livro, sua complexidade, a capacidade do narrador. “Aqui na Fundação, temos livros de três minutos a 20 horas. Já foram produzidos em um mês, seis meses, um ano… É muito variável”, afirma Cláudia.

Clique no player abaixo para conferir um trecho do livro “A cidade e as serras”, de Eça de Queirós:  

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A importância do livro falado

Só pelo fato de ser um meio de acessibilidade à leitura, o livro falado já se mostra importante. Além disso, nem todo mundo domina a leitura em braille ou tem acesso à tecnologia do livro digital acessível, mas a maioria tem acesso a um leitor de CD ou MP3.

Por isso, a Biblioteca Circulante do Livro Falado da Fundação Dorina já contém mais de 4 mil títulos disponíveis. O trabalho é cuidadoso, desde a forma de narrativa dos ledores até a audiodescrição da capa e a narração das notas de rodapé – algo que os livros comerciais não contemplam.

“Nossa intenção é tornar a experiência de leitura da pessoa com deficiência visual a mais autônoma possível. Entregamos um livro completo, para que ela tenha o mesmo acesso que os videntes têm no livro físico”, enfatiza Cláudia.

Ficou com vontade de escolher um livro?

Faça seu cadastro na Dorinateca, nossa biblioteca online, e tenha acesso a todos os títulos disponíveis gratuitamente. As versões físicas em CD também podem ser retiradas pessoalmente na biblioteca da Fundação Dorina.

Além disso, neste ano terão mais 50 novos títulos disponíveis na Dorinateca. Estamos com o projeto Acervo Literário para Jovens, viabilizado pelo Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD), com o objetivo de incentivar a leitura para jovens com deficiência visual entre 12 a 17 anos, de São Paulo. Nos ajude a divulgar!

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